Li um artigo cujo título era “Beijo entre amigas: o que fazer quando vira amizade colorida”. Confesso fui levado à acessar o site pelo título. Mas, ao ler a matéria, também tenho que confessar, o título me gerou alguns questionamentos, algumas dúvidas e reflexões, todavia me frustrei ao ler o conteúdo raso do texto.
Na verdade, a signatária da matéria limita-se a afirmar que os adolescentes estão em fase de conhecimento próprio e de sua relação com o mundo exterior, gerando expectativas em si que podem não ser verdadeiras. Também abarca a questão de como as adolescentes devem lidar com os sentimentos e sensações novas.
Ocorre que, o beijo entre mulheres é fruto da imaginação da grande maioria dos homens, que – embora não aceitem a homossexualidade entre eles – pagariam para se relacionar com duas amigas, em um verdadeiro “menage a trois”.
O tema é tormentoso e não pode ser esgotado em algumas dezenas de linhas. A mente humana é complexa e inesgotável, por mais que se estude, nunca se chegará à plenitude de conhecimento.
O fato é que, duas amigas podem se beijar por “n” motivos, seja por desejo sexual, curiosidade, confusão entre apaixonamento de amizade ou apaixonamento amoroso, procura de atenção, carência, a busca incensante pela própria compreensão.
Isso me parece natural.
Se hoje podemos enfrentar o tema com naturalidade, temos que aproveitar ao máximo a exploração da questão, de modo que consigamos desenvolver como seres humanos.
Isso pelo fato de que, temas como esse sempre ficaram escondidos, varridos para debaixo do tapete. A título de exemplo menciono um prática que ocorre com uma certa frequência, o que chamamos em São Paulo de “troca-troca”. Se você nunca praticou – confesso que nunca o fiz e não tenho a mínima vontade – conhece alguém que praticou ou ouviu sobre isso.
Jorge Kajuru já disse em rede nacional que adotou essa prática, uma só vez, e que odiou. Trata-se da prática sexual entre dois meninos onde transam entre si, um de cada vez.
Embora seja uma prática recorrente, sempre é analisada com o estigma de “eu não, não sou viado.” ou de que isso “é errado”. Assim, a humanidade conseguiu varrer a “sujeira” para embaixo do tapete, impedindo que nós pudessemos nos conhecer plenamente.
Então, se o assunto é “garota beijar garota”, que se enfrentem a questão com maior naturalidade.
Temos que assumir que, se uma mulher tem desejo por outra, que siga em frente, beije mesmo. Se está confundindo o apaixonamento amizade com o apaixonamento amoroso, que tudo fique explicado e vida que continua.
Não podemos dar um motivo plausível para que isso ocorra. Não seria justo conosco.
Se homens acham excitantes essa situação (realmente achamos), é porque é da natureza humana nos relacionar de modo livre, leve e solto.
O estigma ainda é grande, mas, me parece estamos evoluindo.
Não estou aqui pregando a liberdade sexual (seja homo ou heterossexual) desenfreada, pois entendo que, tanto em uma, como em outra situação, as coisas devem ser resolvidas em ambiente privados.
Mas, acho que deve-se incentivar o debate público, sem hipocrisia e preconceitos.
Agora, o que posso concluir, se você quer beijar alguém, seja do mesmo ou outro sexo, faça-o antes de virar “amiguinha”, porque daí, já era.
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